Violência doméstica afeta rotina, trabalho e estudo de milhões de brasileiras

estudos divulgados
O maior levantamento do país sobre o temamostra que 69% das mulheres que já sofreram violência doméstica tiveram o dia a dia alterado após as agressões – estimativa de 24 milhões de brasileiras

Sete (69%) em cada dez mulheres que sofreram violência doméstica no Brasil tiveram sua rotina alterada de alguma maneira após as agressões e mais de 40% foram impactadas em seu trabalho ou estudo. É o que aponta a 11ª edição da Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher, que em 2025 comemora 20 anos, realizada pelo DataSenado e pela Nexus, em parceria com o Observatório da Mulher contra a Violência (OMV), do Senado Federal.

Os resultados podem ser visualizados a partir de quinta-feira, 27, no Mapa Nacional da Violência de Gênero, plataforma criada pelo OMV em parceria com o Instituto Natura e a Associação Gênero e Número com o objetivo de facilitar o acesso a diferentes bases de dados sobre o tema. A pesquisa também estará disponível no site do DataSenado.

 A nova edição foi encomendada pela senadora Augusta Brito (PT-CE) e ouviu mais de 21 mil mulheres em todo o país. A ampla pesquisa ajuda a compreender o retrato da violência doméstica no Brasil, uma realidade para grande parte das brasileiras, como já apontam os dados do Ministério da Justiça e Segurança Pública dispostos no Mapa da Violência de Gênero. Os dados mostram como a violência compromete não só a vida privada das mulheres, como também suas relações, seu trabalho e sua educação. Ou seja, afeta a sociedade e a economia brasileira como um todo, aprofundando desigualdades e colocando obstáculos ao desenvolvimento social.

 “Os dados revelam que a violência doméstica limita a autonomia das mulheres e pode impedir o acesso a direitos básicos, como estudo e trabalho, comprometendo o futuro das famílias e do país”, afirma Maria Teresa Prado, coordenadora do Observatório da Mulher contra a Violência no Senado Federal. “É a primeira vez que mensuramos o impacto da violência contra as mulheres em vários aspectos da vida, como o profissional e a rotina diária, e acreditamos que estes dados ajudarão nossos senadores e o governo a agirem contra o problema de maneira mais assertiva”, afirma Marcos Ruben de Oliveira, coordenador do DataSenado e um dos responsáveis pela pesquisa.

 Segundo a pesquisa do DataSenado e da Nexus:

  • 69% das mulheres que já sofreram violência doméstica tiveram o dia a dia alterado após as agressões – uma estimativa de 24 milhões de brasileiras;
  • 68% relataram impactos nas relações sociais;
  • 46% afirmaram que o trabalho remunerado foi afetado;
  • 42% tiveram os estudos impactados.

 A pesquisa mostra ainda que é três vezes mais comum mulheres fora da força de trabalho sofrerem violência doméstica (12%) do que as brasileiras empregadas (4%). Além disso, do total de mulheres que já sofreram agressões em decorrência do seu gênero, 66% recebem até 2 salários mínimos e mais da metade afirmam conviver com situações de violência há mais de um ano.

“Quando cruzamos esses dados socioeconômicos com os indicadores de violência, vemos com mais nitidez como a desigualdade molda o risco e a permanência das mulheres em ciclos de agressão. Isso mostra que a autonomia econômica não é apenas uma condição desejável, mas uma política estratégica de enfrentamento. É fundamental que o país olhe para essa dimensão de forma integrada e priorize ações que garantam renda, qualificação e acesso a oportunidades. Sem isso, continuaremos tratando os sintomas, não as causas”, diz Vitória Régia da Silva, diretora executiva da Associação Gênero e Número.

Segundo Beatriz Accioly, líder de Políticas Públicas pelo Fim da Violência Contra Mulheres e Meninas no Instituto Natura, a pesquisa deixa claro a necessidade de implementação de políticas públicas que olhem não só para o apoio psicológico e de afastamento da vítima em relação ao agressor, como também de promoção da independência financeira e qualificação profissional das mulheres.

“Os dados mostram que a violência atravessa toda a vida das mulheres: do cotidiano ao trabalho, dos vínculos familiares ao futuro. Por isso, romper ciclos de violência não pode depender apenas da condição individual de cada mulher. O que precisamos é de políticas integrais, que articulem segurança pública, saúde, assistência, educação e renda, e que ofereçam respostas reais que dialoguem com demandas e vulnerabilidades diversas. Não podemos continuar transferindo para as mulheres a tarefa de superar, sozinhas, estruturas que são coletivas. Cabe ao Estado garantir proteção, caminhos e sustentação ao longo de toda a experiência da busca por ajuda, proteção e acolhimento.”, diz Bia Aciolly.

Para a senadora Augusta Brito, o tema deve ser uma das prioridades legislativas do país. “Toda legislação e política pública deveria ser feita ancorada em dados e, agora que sabemos o tamanho do impacto da violência contra mulheres para o Brasil, devemos conseguir maior apoio para agir a respeito”, afirma a senadora.

Metodologia da Pesquisa Nacional de Violência contra Mulheres
Criada em 2005 para subsidiar a elaboração da Lei Maria da Penha, a pesquisa é realizada a cada dois anos e ouviu, nesta edição, 21.641 mulheres com 16 anos ou mais em todo o país. É uma das principais referências nacionais para formulação e monitoramento de políticas públicas voltadas à proteção das mulheres.

As amostras do DataSenado e da Nexus são totalmente probabilísticas, permitindo calcular a margem de erro para cada resultado com nível de confiança de 95%. Para estimativas simples envolvendo todas as 21.641 mulheres entrevistadas, a margem de erro média foi de 0,69 ponto percentual, com desvio padrão de 0,45 ponto percentual. As entrevistas foram distribuídas por todas as unidades da Federação, por meio de ligações para telefones fixos e móveis, com alocação uniforme por estado e Distrito Federal.

Sobre o Mapa Nacional da Violência de Gênero
Os destaques da 11ª edição da Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher estarão disponíveis, a partir de 27 de novembro, na página “Pesquisa Nacional” do Mapa Nacional da Violência de Gênero. O Mapa é resultado da união de esforços de muitas mãos e corações. A ideia de fazer diferente, de construir algo relevante, motivou organizações, profissionais e vontades, todos com um único propósito: criar uma ferramenta poderosa na luta contra a violência que atinge mulheres e meninas. Realizado por meio da cooperação entre Estado, sociedade civil e imprensa, o projeto é fruto da parceria entre o Senado Federal (representado pelo Observatório da Mulher e DataSenado), o Instituto Natura e a Gênero e Número, que reuniram seus projetos em uma plataforma pública e interativa dedicada à integração e à transparência dos principais dados sobre a violência de gênero no Brasil.

Sobre o Instituto DataSenado
O Instituto de Pesquisa DataSenado tem mais de 20 anos de história e foi criado pelo Senado Federal para reforçar a representação parlamentar federativa do Senado Federal. Este levantamento integra série histórica iniciada em 2005 e tem por objetivo ouvir cidadãs brasileiras acerca de aspectos relacionados à desigualdade de gênero e a agressões contra mulheres no país. Essa e outras pesquisas sobre os mais diversos temas estão disponíveis no site do DataSenado.

Sobre o Observatório da Mulher Contra Violência
Criado em 2016 pelo Senado Federal, o Observatório da Mulher contra a Violência reúne, analisa e divulga dados sobre a violência de gênero no Brasil. Em parceria com o Instituto DataSenado, atua na produção e integração de informações que subsidiam políticas públicas e fomenta o intercâmbio entre as principais instituições envolvidas no enfrentamento à violência contra mulheres.

Sobre o Instituto Natura
Criado em 2010, o Instituto Natura almeja transformar a educação pública, garantindo uma aprendizagem de qualidade para todas as crianças e jovens nos seis países da América Latina em que está presente (Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México e Peru). Também como forma de atuação, se dedica ao desenvolvimento educacional das Consultoras de Beleza Natura e Avon e trabalha em conjunto com inúmeros parceiros no poder público, no terceiro setor e na sociedade civil. Desde 2024, o instituto ampliou sua atuação para a defesa dos direitos fundamentais das mulheres, desenvolvendo iniciativas voltadas à conscientização sobre o câncer de mama e ao combate à violência contra meninas e mulheres por meio do apoio da Avon, que historicamente tem sido uma parceira comprometida e continua apoiando as ações do Instituto Natura nessa causa.

Sobre a Gênero e Número
A Gênero e Número é uma associação sem fins lucrativos dedicada à produção, análise e disseminação de dados especializados sobre gênero, raça e sexualidade. Seu propósito é promover transformações sociais em prol da equidade e da justiça social, apoiando a tomada de decisões e a participação cidadã por meio de linguagem gráfica, conteúdo audiovisual, pesquisas, relatórios e reportagens multimídia.

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