Entre 2015 e 2024, a maioria dos 10 produtos mais importados pelo Brasil veio de apenas um ou dois países. No ano passado, 7 itens estavam nessa situação, sendo que 5 vieram dos Estados Unidos. O país lidera a concentração desses importados na última década. Os dados são de estudo inédito da Nexus – Pesquisa e Inteligência de Dados, com base em informações do Comex Stat, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
Para classificar os produtos mais importados, foi considerado o valor em dólares e não o volume de importações. O top 10 representa entre 8% e 22% do total de importações brasileiras anuais, a depender do ano. Em 2024, foram 16,6%. Todos itens com mais de 60% vindos de apenas um ou dois países foram considerados com alta concentração. Em todos os anos analisados, ao menos 6 itens estavam nessa situação. O indicador chegou a 9 nos anos de 2021 e 2022.
“O levantamento mostra a alta concentração das importações brasileiras em poucos fornecedores, especialmente nos Estados Unidos, o que sugere um cenário em que eventuais mudanças nas tarifas de importação teriam um impacto significativo na balança comercial”, afirma o CEO da Nexus, Marcelo Tokarski. “Chama a atenção que o produto em que essa situação é mais grave é o óleo diesel, com amplo uso nas atividades produtivas e, portanto, alto impacto na economia brasileira e seus indicadores”, completa.
No último ano, ao menos 60% dos 7 produtos mais importados vieram de um ou dois países: óleo diesel, equipamentos usados para construção de aeronaves, substâncias de uso industrial e fertilizantes, insumos da indústria petroquímica e automóveis para carga (confira detalhes na tabela).
Os Estados Unidos foram fornecedores de 5 deles. É de lá que vieram 85% de turborreatores e 66% de partes de turborreatores ou de turbopropulsores usados na construção de aeronaves. O país também foi fonte de 54,5% das naftas para petroquímica, líquido derivado do petróleo usado nessa indústria. Outros 19% vieram da Espanha.
Também 49% da hulha betuminosa comprada pelo Brasil, tipo de carvão que pode ser usado na indústria siderúrgica, química e na geração de energia, são americanos. Outros 37% vieram da Austrália. Os Estados Unidos também foram o 2º maior vendedor de diesel para os brasileiros, com 17%, atrás da Rússia, com 65%.
* Números podem variar devido aos arredondamentos
Óleo diesel lidera importações
Nos 10 anos analisados, 28 produtos figuram no top 10. Alguns se repetem, mas é possível também observar uma mudança nos insumos mais importados, especialmente, após a pandemia. Apenas 3 estão presentes todos os anos: diesel, óleos brutos de petróleo e outros cloretos de potássio, insumo para fertilizantes e outros usos industriais.
Desses 3, apenas o óleo diesel teve mais de 60% vindo de um ou dois países em todos os anos. Esse é o principal produto importado, ficando em 1º entre 2016 e 2023. Os EUA são o principal vendedor para o Brasil, chegando a ser responsável por ao menos 74% de todo óleo diesel importado anualmente entre 2016 e 2020 (confira detalhes na tabela). Outros fornecedores apontados no levantamento são Rússia e Índia.
Os EUA também vendem para os brasileiros óleos brutos de petróleo, produto com menor concentração nas importações (acima de 60% em poucos importadores só em 6 de 10 anos analisados), fornecido também por países como Arábia Saudita, Argélia e Nigéria.
Já mais de 60% dos cloretos de potássio importados desde 2019 vêm da Rússia e do Canadá.
EUA concentram importações e Rússia ultrapassa China
O levantamento da Nexus revela que os Estados Unidos são o país do qual o Brasil é mais dependente entre os itens mais importados. Eles foram uma das principais fontes de 6 dos 10 itens mais comprados tanto em 2021 quanto em 2022. Em todos os outros anos, o país também lidera como maior fornecedor dos produtos analisados, com exceção de 2018 e 2015, quanto empata com a China. (confira detalhes na tabela).
Até 2020, a China ficava em 2º lugar, chegando a ser fonte de 3 dos principais produtos em 2018: plataformas de perfuração ou de exploração, flutuantes ou submersíveis para indústria petroleira; partes para aparelhos receptores de radiodifusão e televisão e partes para aparelhos de telefonia/telegrafia. Porém, desde 2021, esses itens saíram da lista dos 10 mais importados.
Com isso, nos anos de 2022 e 2023, a Rússia assumiu a vice-liderança, concentrando a venda de 3 dos produtos mais comprados. Além de óleo diesel e naftas para petroquímica, o país vendeu para o Brasil cloretos de potássio e fosfato monoamônico, usados na produção de fertilizantes.
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