Casos de leptospirose têm aumento de 19% no Rio Grande do Sul

estudos divulgados
Levantamento da Nexus, feito a partir de dados do Ministério da Saúde, mostra que o RS foi a única unidade da federação em que a doença aumentou

O Rio Grande do Sul foi a única unidade da federação do país que teve aumento no número de casos registrados de leptospirose entre 2023 e 2024. Em 2023, o Rio Grande do Sul registrou 461 casos de leptospirose, enquanto, em 2024, marcado pela enchente no estado, esse número subiu para 550 – representando aumento de 19,3%. Os números fazem parte do levantamento da Nexus – Pesquisa e Inteligência de Dados, feitos a partir de registros cadastrados no sistema do Ministério da Saúde.

No Brasil, em 2023, o total de casos registrados de leptospirose foi de 3.318. Já, em 2024, caiu para 1.924 – uma queda de 42% na média geral de casos. Tocantins foi, proporcionalmente, a unidade da federação campeã da queda no número de casos de leptospirose. Em 2023, foram 19. E, no ano passado, apenas 3 casos registrados, declínio de 84%. Alagoas (78%), Acre (74%) e Pernambuco (70%) foram outros estados que apresentaram essa queda acentuada nos casos.

“Os dados revelam uma variação significativa no número de casos de leptospirose ao longo dos anos. A Nexus analisou os dados do Ministério da Saúde desde 2007. Nesse ano, no Rio Grande do Sul, foram registrados 501 casos, seguidos por uma diminuição para 429 em 2008. No entanto, os números voltaram a subir, atingindo o pico em 2019, com 706 casos. Essa flutuação destaca a complexidade dos fatores que influenciam a propagação da doença, incluindo condições ambientais, saneamento e práticas agrícolas. Com certeza, o aumento de 19% entre 2023 e 2024 foi ocasionado pela enchente que atingiu de maneira drástica o estado”, analisa Marcelo Tokarski, CEO da Nexus.

As tempestades atingiram 471 municípios, o equivalente a 95% das cidades gaúchas.

Confira os dados completos na tabela abaixo:

O QUE É LEPTOSPIROSE
A leptospirose é uma doença bacteriana transmitida pela urina de animais infectados, principalmente ratos, em contato com água ou solo contaminado. Os sintomas podem variar de leves a graves, incluindo febre, dores musculares, icterícia e insuficiência renal. O aumento no número de casos representa um risco significativo para a saúde da população, especialmente em áreas com saneamento precário ou suscetíveis a inundações.

Principais características da leptospirose:

  • Transmissão:
    • Contato com água ou solo contaminados pela urina de animais infectados.
    • Penetração da bactéria através da pele (especialmente se houver ferimentos ou arranhões) ou mucosas (olhos, nariz, boca).
    • Ingestão de água ou alimentos contaminados.
  • Sintomas:
    • Os sintomas podem variar amplamente, desde uma forma leve semelhante a uma gripe até uma forma grave que pode ser fatal.
    • Forma Leve: Febre, dor de cabeça, dores musculares (principalmente nas panturrilhas), calafrios, náuseas e vômitos.
    • Forma Grave (Doença de Weil): Icterícia (pele e olhos amarelados), insuficiência renal, hemorragias e meningite.
  • Prevenção:
    • Saneamento básico adequado para evitar a contaminação do ambiente.
    • Controle de roedores.
    • Uso de equipamentos de proteção individual (EPIs) em atividades de risco (como limpeza de esgoto).
    • Evitar o contato com água ou solo que possam estar contaminados.

Metodologia
A análise da Nexus – Pesquisa e Inteligência de Dados se fundamenta em dados provenientes de sistemas de informação do Ministério da Saúde, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Especificamente, foram utilizados microdados de dois sistemas de notificação e registro de eventos de saúde:

– Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan): Esta base de dados nacional coleta e processa informações sobre agravos e doenças de notificação compulsória em todo o território brasileiro.

– Sistema de Informação Hospitalar (SIH/SUS): O SIH/SUS registra informações sobre os procedimentos hospitalares realizados na rede conveniada ao SUS. A exploração desta base de dados possibilita a avaliação da produção hospitalar, incluindo internações, altas, procedimentos e diagnósticos relacionados à assistência em nível hospitalar.

A integração e análise conjunta dos dados do Sinan e do SIH/SUS visam proporcionar uma compreensão abrangente do cenário de saúde investigado, conectando a ocorrência de agravos com a demanda e a produção de serviços hospitalares. É importante ressaltar que a qualidade da análise depende da completude e da acurácia dos dados primários inseridos nos sistemas de informação. Serão consideradas as limitações inerentes ao uso de dados secundários, como possíveis subnotificações ou inconsistências no preenchimento.

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