Pontos principais
- Gasto total com impulsionamento e gasto por voto conquistado por candidato a prefeito aumentaram 57% e 53% respectivamente
- 27% dos candidatos a prefeitos gastaram com impulsionamento e 4% dos vereadores
- No geral, quem mais gastou proporcionalmente não teve sucesso
- Dos 20 que mais gastaram, 7 não foram eleitos nem passaram para 2° turno
- Candidatos com alto % de votos para prefeitura em primeiro turno tiveram baixa média de gasto/voto. Em geral, nas disputas mais acirradas, o gasto é maior; Curitiba é exceção porque Cristina Graeml não declarou qualquer gasto
- PL lidera gastos totais e 5 partidos mais gastadores representam 52% das despesas
- Rede e Novo têm pior relação de gasto por voto obtido
- Amapá tem o custo médio mais alto por voto
Os gastos com impulsionamento de conteúdo em redes sociais declarados à Justiça Eleitoral por candidatos no primeiro turno nas eleições municipais deste ano somam R$ 170 milhões– aumento de 57% em relação a 2020, quando foram contabilizados R$ 108,5 milhões. Dos 463.394 candidatos a prefeito e a vereador, apenas 23.072 (5%) declararam esse tipo de gasto, patamar semelhante ao de 2020 (4,8%).
O levantamento foi elaborado pela Nexus – Pesquisa e Inteligência de Dados, da FSB Holding, com base em dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). As informações de despesas pagas foram coletadas em 11 de outubro. Os candidatos que disputaram apenas o 1º turno têm até 5 de novembro para concluir a prestação de contas. Para o 2º turno, o prazo é 16 de novembro.
Entre os 15.574 candidatos a prefeito, 4.237 (27%) declararam ter feito impulsionamento nas redes sociais. O gasto em média para cada voto conquistado neste grupo foi de R$ 1,38- valor 53% maior que em 2020 (R$0,90).
O estudo da Nexus mostra também que, entre os 431.998 que disputaram o cargo de vereador, 18.835 (4%) declararam esse tipo de despesa. O gasto em média para cada voto conquistado no grupo foi de R$ 2,66, crescimento de 7% em relação ao último pleito (R$ 2,49).
O volume médio de votos recebidos por candidato que fez impulsionamentos foi de 4.263 votos. O número é mais de 14 vezes superior ao volume médio de votos daqueles que não declararam esse tipo de gasto (299 votos).
“O amplo levantamento permite analisar uma série de aspectos da dinâmica das campanhas eleitorais na disputa municipal. Há um crescimento na adesão ao impulsionamento de conteúdo nas redes sociais, mas gastar muito com esse recurso não significa necessariamente bons resultados nas urnas”, afirma Marcelo Tokarski, CEO da Nexus. “Candidaturas com estrutura partidária e boa exposição na mídia ou no horário eleitoral podem conquistar votos independentemente das redes sociais. Mas, claro, tivemos nessas eleições, notadamente em São Paulo, fenômenos como o de Pablo Marçal, que foi bastante competitivo em boa parte por sua presença digital”, reforça.
O impulsionamento é autorizado apenas para candidatos, partidos, coligações ou federações, sendo proibida para pessoas comuns qualquer tipo de remuneração, monetização ou concessão de outra vantagem econômica.
Entre os candidatos a prefeito e vereador que gastaram com impulsionamento de redes sociais, considerando a média de gasto por voto conquistado, aqueles que mais gastaram, de acordo com os dados declarados, não tiveram sucesso nas urnas. “Isso mostra que não há uma correlação direta entre impulsionamento e sucesso eleitoral. Muitas vezes eles até caminham juntos, mas não é uma regra”, destaca Tokarski.
O levantamento da Nexus mostra que nenhum dos 409 que mais gastaram proporcionalmente foram eleitos como titulares. Nesse grupo, 251 foram eleitos suplentes e 158 não foram eleitos. Nessa lista, a primeira colocada é Laine do Balote (MDB), candidata a vereadora de Bálsamo (SP), eleita como suplente.
Top 20: Boulos e Nunes lideram gastos com redes sociais
De todos os candidatos, os 20 que mais gastaram com essa ferramenta somam R$ 34,7 milhões, o equivalente a 20,4% do total. No topo do ranking, estão os dois candidatos à Prefeitura de São Paulo que foram para o 2º turno, Guilherme Boulos (PSol), com R$ 6,07 milhões, em primeiro lugar no investimento nas redes; e Ricardo Nunes (MDB), com R$ 4,48 milhões, em terceiro. Já o segundo lugar foi para José Sarto (PDT), que gastou R$ 4,92 milhões e perdeu a disputa para Prefeitura de Fortaleza (CE), ficando de fora do 2º turno.
Além de Sarto, nesse grupo dos maiores gastadores outros seis não foram eleitos, incluindo Capitão Wagner (União Brasil), que também disputou a Prefeitura de Fortaleza, e Pablo Marçal (PRTB), candidato à Prefeitura paulistana.
Apenas dois candidatos do Legislativo estão entre os maiores gastadores: Lucas Pavanato (PL), vereador mais votado em São Paulo;e Rubinho Nunes (União Brasil), que também conquistou uma vaga na Câmara Municipal paulistana.
Segundo a Nexus, em geral, os candidatos que mais gastaram estão em capitais.Mas, no grupo, há cinco candidatos de cidades menores: Marcelo Lima (Podemos) e Alex Manente (Cidadania), que seguiram para 2º turno na disputa pela Prefeitura de São Bernardo do Campo (SP); Professor Alcides (PL), no 2º turno da eleição para Prefeitura de Aparecida De Goiânia (GO); Arnaldinho Borgo (Podemos), eleito prefeito de Vila Velha (ES) e Nicolaci (PL), que perdeu a disputa pela Prefeitura do Guarujá (SP).
Confira o ranking dos candidatos com maior volume de gastos com impulsionamento de conteúdos em redes sociais declarado:
O custo dos votos na disputa por prefeituras das capitais
O levantamento da Nexus apontou que o prefeito com mais votos em números absolutos, Eduardo Paes (PSD), eleito em 1º turno com 60,47% dos votos válidos no Rio de Janeiro, gastou em média R$ 0,55 para cada voto. Seu adversário com gasto médio maior foi Marcelo Queiroz (PP), com R$ 5,24. Já o segundo colocado na disputa carioca, Alexandre Ramagem (PL), gastou em média R$ 0,43 por votovoto recebido.
Na capital paulista, que registrou a disputa mais acirrada, Boulos gastou R$ 3,42 por voto dado nas urnas e Nunes, R$ 2,49. Já Marçal declarou ter gasto R$ 1,34 em média para cada voto. A campeã de gasto médio, no entanto, foi Marina Helena (Novo), com R$ 4,67, seguida por Datena (PSDB), com R$ 4,45. Os dois tiveram menos de 2% dos votos cada um.
Em outra disputa acirrada, com diferença de 21,8 mil votos entre os dois candidatos que seguiram para o 2º turno em Curitiba (PR), Cristina Graeml (PMB) não declarou qualquer gasto com impulsionamento em redes sociais. Já seu concorrente, Eduardo Pimentel (PSD), disse ter aplicado R$ 450 mil, em média R$ 1,44 por voto recebido. Proporcionalmente, o maior gasto na cidade foi de Maria Victoria (PP), com R$ 26,12 para cada voto.
Em Fortaleza, o gasto médio de Sarto (PDT) por voto recebido nas urnas foi de R$ 29,99. Em seguida, está Capitão Wagner (União Brasil), com R$ 10,40. Os candidatos que foram para 2º turno, Evandro Leitão (PT) e André Fernandes (PL), gastaram, respectivamente, R$ 7,43 e R$ 1,15 para cada voto, sendo Fernandes o candidato com menor gasto proporcional na cidade. Significa dizer que Fernandes gastou com as redes sociais 26 vezes menos do que o atual prefeito Sarto e mesmo assim garantiu uma vaga no 2º turno.
Segundo a Nexus, em Belo Horizonte, Carlos Viana (Podemos), que perdeu o pleito, lidera a média de gasto para cada voto, com R$ 21,24. Em segundo lugar no ranking de gasto proporcional, Bruno Engler (PL), que foi para o 2º turno, declarou ter gasto R$ 4,70. Seu concorrente, Fuad Noman (PSD), declarou ter investido R$ 1,50 em média para cada voto. “Mais uma prova de que investimento em redes por si só não garantiu bom desempenho eleitoral”, reforça o CEO da Nexus.
Já o prefeito de capital com maior votação proporcional no 1° turno, Dr. Furlan (MDB), em Macapá, onde conquistou 85,1% dos votos na sua reeleição, declarou ter gasto R$ 0,31 em média para cada voto, com o total de R$ 63 mil. Seu concorrente que mais gastou foi Paulo 50 (PSol), com R$ 26,39 para cada voto e R$ 620 mil no total.
O segundo prefeito de capital com maior eleição proporcional, JHC (PL), reeleito com 83% em Maceió, declarou ter gasto em média R$ 1,04 para cada voto, sendo R$ 393 mil no total. O segundo colocado, Rafael Brito (MDB), investiu em média R$ 4,03 por voto recebido, sendo R$ 234 mil no total.
PL lidera despesas e Rede tem pior relação gasto/voto
O levantamento da Nexus aponta que o PL, partido com o maior fundo partidário, foi a legenda que mais gastou com impulsionamento de conteúdos de seus candidatos nas redes sociais, somando R$ 23,9 milhões (14,1% de todo o gasto), seguido pelo PT (10,5%), União Brasil (10%), MDB (9,5%) e PSD (8,5%). Juntos, os cinco partidos somam mais da metade (52,7%) do total de despesas com esse tipo de recurso de campanha.
Já a relação entre gasto com impulsionamento e votos conquistados para esses candidatos foi mais eficiente no PCB, com gasto médio de R$ 0,52 para cada voto, seguido pelo PSD (R$ 1,30) e pelo PSB (1,31). Em 2020, o PCB havia registrado o maior gasto médio, de R$ 8,60.
Do outro lado, no pleito deste ano a Rede tem a pior relação custo por voto, com gasto médio de R$ 4,21 por voto conquistado, seguido pelo Novo (R$ 3,68). Em 2020, o custo médio de impulsionamento de cada voto conquistado da Rede era de R$ 2,49. Já o do Novo era de R$ 4,60.
Amapá tem gasto mais alto por voto conquistado
São Paulo é o Estado que concentrou mais gastos com impulsionamento por candidatos a prefeito e vereador, com R$ 60 milhões, bem à frente do segundo colocado, o Ceará, com R$ 14,9 milhões. Em terceiro lugarvemMinas Gerais, com R$ 14,7 milhões, seguidopelo Rio de Janeiro, com R$ 14,5 milhões.
O Estado com maior custo médio foi o Amapá, com R$ 3,71 gasto por voto conquistado, seguido pelo Ceará (R$ 3,22) e pelo Mato Grosso (R$ 2,45). Na outra ponta, o menor custo médio foi do Acre, com R$ 0,59, seguido pelo por (R$ 0,83) e Paraíba (R$ 0,91).
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