Desde que estabeleceram uma nova polarização política, a partir das eleições de 2018, lulistas e bolsonaristas figuram como polos de pensamento antagônico. Levantamento realizado pela Nexus – Pesquisa e Inteligência de Dados, que mediu a opinião sobre China e Estados Unidos, expôs ainda mais as visões distintas dessas correntes políticas.
Se por um lado 72% dos bolsonaristas avaliam a imagem dos americanos como positiva e 19% como negativa (outros 5% não souberam e 4% não responderam), a lógica do campo lulista foi diametralmente oposta: 61% veem como negativa e 26% como positiva (5% não souberam e 7% não responderam).
No tocante à China, há uma inversão de preferências. Enquanto os lulistas mais aprovam (51%) do que desaprovam (36%) os asiáticos (com 6% sem saber e 7% sem responder), os eleitores de Jair Bolsonaro enxergam mais negatividade (49% reprovam a imagem chinesa, 38% acham positiva, 6% não sabem avaliar e 7% não responderam).
“As visões de mundo lulista e bolsonarista são, de fato, duas visões distintas de mundo, de forma nítida e cristalina. Não se trata apenas de ideologias divergentes, mas de uma polarização que vai muito além das diferenças demográficas e sociais. A pesquisa da Nexus demonstra que a separação entre os grupos atinge os impressionantes mais de 40 pontos percentuais, uma variação que está muito fora da curva e evidencia uma clivagem maciça no pensamento”, analisa Marcelo Tokarski, CEO da Nexus – Pesquisa e Inteligência de Dados.
O mesmo vale para a liderança política desses países para o Brasil. A dos americanos é aprovada por bolsonaristas (EUA – 54% x China – 36%) e rejeitada por eleitores do presidente Lula (EUA – 67% x China – 20%). Já a chinesa é vista como positiva entre os lulistas (China – 55% x EUA – 29%) e negativa para quem votou em Jair Bolsonaro (China – 49% x EUA – 40%).
Divergências na política internacional, sobretudo com os BRICS
A pesquisa da Nexus mediu ainda a opinião dos brasileiros sobre comércio internacional e relações exteriores, pontos também considerados antagônicos entre eleitores do presidente Lula e do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Entre as maiores discórdias, está a continuidade da utilização do dólar americano no comércio internacional ou a busca por alternativas à moeda americana. Para 65% dos bolsonaristas, deve-se manter o dólar nas transações, enquanto 25% são favoráveis a novas opções. No campo lulista, por sua vez, 58% sugerem uma mudança da moeda, enquanto 27% defendem a sua manutenção no comércio internacional.
Os bolsonaristas também defendem uma aproximação maior do Brasil com os Estados Unidos do que com a China – 74% são a favor de estreitar relações com os americanos, enquanto 19% preferem os chineses. No universo de eleitores do presidente Lula, 58% optam pelos asiáticos, e 26% defendem a aliança com os americanos.
O bloco econômico dos BRICS (do qual o Brasil faz parte, junto com Rússia, China, Índia, África do Sul e mais cinco países) protagonizou a maior divisão no espectro de eleitores de Bolsonaro. Isto porque 44% defendem que o país se distancie do bloco, enquanto 42% são favoráveis a uma maior aproximação. Entre os eleitores de Lula, 55% defendem os BRICS, e 29% preferem que o Brasil se afaste no futuro.
Valores da democracia: nova discórdia
A promoção da igualdade e da justiça social também opõe as visões de mundo dos campos políticos brasileiros. Isso porque 63% dos eleitores de Bolsonaro acham que são os Estados Unidos que mais promovem esses ideais, e 23% avaliam que é a China. Entre os lulistas, 45% reforçam o papel dos chineses nessa causa, e 33% ficam com os americanos.
Outro tema polêmico também é na questão ambiental. Quase metade dos lulistas (49%) afirma que os Estados Unidos prejudicam mais o meio ambiente, enquanto 34% acham que são os chineses. Já 53% dos bolsonaristas acreditam que é o inverso e que a China é mais maléfica nessa questão, sobre a qual 32% criticaram os americanos.
Enfim, as raras concordâncias entre lulistas e bolsonaristas
Mesmo pensando distintamente, eleitores de Lula ou Bolsonaro também tiveram seus pontos de concordância na pesquisa da Nexus. Entre as convergências está o pensamento de que a China é mais avançada em temas como inteligência artificial (IA) e inovação em tecnologia. No primeiro, 63% dos lulistas concordam com a tese, enquanto 24% enxergam os americanos com essa vantagem. No universo bolsonarista, 54% veem os chineses na frente e 41% avaliam que são os Estados Unidos. Quanto à tecnologia, 69% dos lulistas também veem a China a frente, com 20% avaliando que são os Estados Unidos. A opinião do campo bolsonarista também é majoritária: 61% a 35% a favor dos asiáticos.
Produtos chineses como celulares e computadores também ganham simpatia dos dois grupos. A preferência entre os lulistas é de 66%, enquanto 23% preferem aqueles fabricados nos Estados Unidos. Entre bolsonaristas, 53% optam pelos itens chineses e 42% pelos americanos.
Os dois polos políticos também se uniram em alguns pontos que favorecem os Estados Unidos. Ambos avaliam o país como mais avançado na corrida espacial, embora os bolsonaristas tenham maior folga (EUA – 69% a China – 20%) do que no lado petista (53% a 20%). É em solo americano que os lados acreditam ser o melhor país para morar. A preferência dos bolsonaristas é de 81% a 11%, enquanto do lado lulista seja mais acirrado (47% a 34%).
Os lados também concordam que os Estados Unidos promovem mais guerras do que a China. Todavia, a margem do campo lulista é maior (EUA – 73% a China – 16%) do que na ala bolsonarista (57% a 27%). O maior equilíbrio vem quanto à avaliação sobre o autoritarismo dos americanos. O grupo pró-Lula é majoritariamente em cima desta tese (55% a 30%), enquanto há certa divisão no campo bolsonarista, onde prevaleceu uma maioria de 49% a 45%.
Por fim, lulistas e bolsonaristas concordam que o regime político dos Estados Unidos é mais democrático em relação ao da China. Nesta tese, os bolsonaristas apresentaram 69% a favor dos americanos e 19% dos chineses. Embora mais dividida, a tese também prevaleceu no universo lulista, com 53% a 30%. E a pergunta com mais aproximação foi sobre o país com a maior influência política. Os Estados Unidos venceram por 80% a 12% no âmbito dos eleitores de Bolsonaro e 66% a 23% entre aqueles que optaram por Lula.
METODOLOGIA
A Nexus entrevistou 2.005 cidadãos com idade a partir de 16 anos, nas 27 Unidades da Federação, entre os dias 10 e 16 de agosto. A margem de erro da amostra é de dois pontos percentuais, com nível de confiança de 95%.
CONTATO PARA A IMPRENSA
Rodrigo Caetano – (61) 99961-3021
Lara de Faria – (21) 99233-4558
Manoel Guimarães – (81) 99946-5667
Download do Estudo completo:
Receba a nossa newsletter gratuita diária, clicando aqui.
Saber logo pela manhã o que está bombando nas redes sociais pode te ajudar a tomar uma série de decisões importantes para seu cliente. Esses dados estão na NEXUS TRENDS!